Difícil encontrar alguém que nunca tenha tomado omeprazol. Lançado no Brasil no começo dos anos 1990 com a indicação de diminuir a quantidade de ácido clorídrico produzido pelo estômago e tratar, entre outras patologias, gastrite, refluxo e úlceras, o fármaco logo ganhou a preferência da classe médica por aliar eficácia e menos efeitos colaterais em comparação com os medicamentos prescritos até então.
O que não se podia prever, no entanto, era que o remédio seria empregado com doses de exagero e irresponsabilidade. “A dieta predominante dos brasileiros, que privilegia alimentos processados, açúcar e álcool, combinada com hábitos como tabagismo e sedentarismo, tem provocado estragos na saúde da população”
O uso contínuo do protetor estomacal altera o ph do estômago e leva à redução da capacidade de absorção de nutrientes. “O risco ocorre especialmente em pacientes com idade acima de 60 anos”, completa o Marcos Belotto. Com isso, a retirada de cálcio dos alimentos fica prejudicada, o que cria um ambiente favorável para osteopenia e osteoporose.
Já a constatação de que o consumo regular do omeprazol está relacionado com o risco de câncer no estômago foi apontado numa pesquisa realizada em 2017 pela Universidade de Hong Kong juntamente com a University College London. O estudo mostrou que o uso semanal do protetor estomacal por um período de um ano aumenta 2,4 vezes o perigo de desenvolver a doença. Por sua vez, aqueles pacientes que fizeram o uso diário do fármaco apresentaram um aumento de 4,55 nas chances de ter câncer.
A conclusão que se pode tirar mediante às reações adversas do omeprazol é: sem orientação, ele pode trazer mais efeitos prejudiciais do que benéficos. Porém, não há motivos para interromper o consumo, desde que seja feito com controle de um profissional da saúde.
Fonte: UOL